terça-feira, 2 de junho de 2009

Budo no quotidiano

Quem comecou o dia vendo que tinha apenas uma aula de 2 horas não imaginava certamente as peripécias que iriam surgir entretanto. Um dia normal, tranquilo com almoço em casa e estudo a seguir, que seca...É a vida, não nos podemos queixar, estamos cá para aprender e disfrutar.
A maratona começa às 17 e 15, quando, já atrasado, tomo consciência das horas e saio disparado para o supermercado para ir comprar o essencial : água e leite. Volto a casa, deixo as coisas e vou em direcção à cidade das sete colinas, pela conhecida A5. Montado na máquina, sempre a debitar entre 120 e 140, chego às Amoreiras às 17 e 45. Até à praça Duque de Saldanha foram 40 minutos entediantes até ao extremo, já que as colunas do rádio já viram melhores dias...Cheguei ao Areeiro às 18 e 40 para ir buscar uns bilhetes para uma festa para alguns amigos da faculdade, através de uma amiga minha. Tive uns 10 minutos a conversar com ela, já não falávamos há uns tempos e ela também está em fisioterapia, foi bom trocarmos experiências. Às 19 começa a minha senda por um lugar para o carro da minha mãe, mas não um lugar qualquer : tem que ser um lugar ali na praça mesmo em frente a casa. Para isso abdiquei do meu treino, e não me custou pouco! Ainda assim, consegui estacionar às 19 e 30 e segui, apanhei o Metro (para ajudar mais um bocadinho quando fui carregar o bilhete do Metro aquilo deu erro e ainda tive que esperar mais um pouco para ter o bilhete operacional). Desço para a plataforma e um grande amigo encontra-me, para grande espanto meu. A expressão dele era de uma tranquilidade celestial...Havia qualquer coisa de familiar naquela expressão, que me fez saudade dos velhos tempos.
Voltando ao relato, saí do Metro e andei em passo acelerado 10 minutos a subir para ainda ir ao dojo perguntar se havia alguma novidade em relação à viagem que o Mestre planeia fazer aos Açores, no primeiro fim de semana de Agosto, a fim de dar lá uma acção de formação. Não havia nada defintivo, apenas promessas de que quarta ou sexta-feira já teria os dados finais para poder pedir orçamentos à agência do meu pai, que foi para onde fui a seguir. Mais 10 minutos a andar, ia dar eventuais informações sobre a viagem e ia apanhar o carro da minha madrasta, levava-a a casa e ia a casa da minha mãe. Chegamos ao carro e este estava com a roda bloqueada...e eu que já tinha visto,disse antes de chegarmos ao carro mas ela pensou que estivesse a gozar...Antes estivesse, que 50 € aleija sempre!! Mais uma hora de espera e finalmente veio o reboque, lá desbloqueou o carro. O mais caricato foi ela tentar tirar satisfações do pobre polícia de trânsito, questionando-o sobre a pertinência daquele sinal de estacionamento proibido ( de facto, é bom reconhecer que aquele sinal não tinha a mínima justificação naquele local, mas as regras são feitas para serem respeitadas...e quebradas). Eu só queria ir embora, tinha a minha mãe à espera...
Colocando a paciência acima de tudo, finalmente peguei no carro e levei-a a casa. Já só, fui para casa ( consegui lugar à porta, extraordinário! ) e consegui jantar com a minha mãe, cujos olhos brilhavam de felicidade por me ter ali, naquele momento de convívio. Tive depois de deixar Lisboa, não sem antes apanhar o camião do lixo no caminho logo à saída de casa, o que se traduziu em mais 10 minutos de viagem. Já cheguei a casa e encontro-me a escrever...
O que se passou hoje foi engraçado: praticamente todas as acções relatadas tiveram como beneficiário(s) o(s) outro(s). E talvez seja por isso que tenha a sensação de dever ( mais do que ) cumprido. A boa disposição com que encarei estas peripécias acima narradas advém de muitos anos de ensinamentos, treino e prática. E acredito que esteja agora a começar a dar os primeiros frutos...
Porque o que nos ensinaram pode ser esquecido, o que aprendemos nunca deve ser esquecido, para nosso bem. E foi tão somente isto que me aconteceu hoje e que quis relatar: apliquei directamente os ensinamentos que obtive ao longo dos anos. E por isso o dever cumprido.