segunda-feira, 27 de abril de 2009

a estrada abre-se,assim como o horizonte...

Este fim-de-semana iniciei a experiência de mudar de casa pela 1ª vez. Com um pequeno pormenor: vou morar sozinho, mas com todo o apoio logístico necessário. É uma revolução na vida, sem dúvida. Assegurar muitas das tarefas domésticas requer hábito e método. Porém, estou ciente das minhas capacidades. Sei que consigo. E por que não?
Sinto-me como um jogador de basquete que recebe um passe para o alley-oop (aquela jogada em que um jogador passa e o outro agarra a bola em pleno ar e afunda,sem pousar os pés). Agora tenho todas as condições, todos os dados na mão. Este é o verdadeiro teste às capacidades da pessoa em questão, eu portanto. A responsabilidade pesa, mas a bola já vem no ar, não posso falhar os 2 pontos...Geram-se algumas sentimentos de ansiedade, de responsabilidade e também por que não de autonomia e algum poder,até?
Sei que vou aprender. E tal como muitas outras, esta é mais uma experiência que não quero apagar.
Quero recompensar aqueles que acreditaram em mim. Eles merecem-no totalmente e estou em dívida para com eles.
Por último, saí da minha cidade: Lisboa. Continuo a ir aos fins-de-semana, mas é diferente...Guardo, no entanto, boas recordações, algumas das quais se reflectem nesta música de Ala dos Namorados:

Parava no café quando eu lá estava
Na voz tinha o talento dos pedintes
Entre um cigarro e outro lá cravava a bica,
ao melhor dos seus ouvintes

As mãos e o olhar da mesma cor
Cinzenta como a roupa que trazia
Um gesto que podia ser de amor
Sorria, e ao partir agradecia

São os loucos de Lisboa
Que nos fazem duvidar
Se a Terra gira ao contrário
E os rios nascem no mar

Um dia numa sala do quarteto
Passou um filme lá do hospital
Onde o esquecido filmado no gueto
Entrava como artista principal

Compramos a entrada p'ra sessão
Pra ver tal personagem no écrã
O rosto maltratado era a razão
De ele não aparecer pela manhã

São os loucos de Lisboa
Que nos fazem duvidar
Se a Terra gira ao contrário
E os rios nascem no mar

Mudamos muita vez de calendário
Como o café mudou de freguesia
Deixamos de tributo a quem lá pára
Um louco a fazer-lhe companhia

É sempre a mesma pose o mesmo olhar
De quem não mede os dias que vagueiam
Sentado lá continua a cravar
Beijinhos às meninas que passeiam.

São os loucos de Lisboa
Que nos fazem duvidar
Se a Terra gira ao contrário
E os rios nascem no mar

quarta-feira, 15 de abril de 2009

Sopro vazio

Uma pessoa, uma ideia, um conceito. Normalmente é esta a sequência que faço com alguém. Se não a conheço, não faço ideias preconcebidas. Gosto de tentar dar à pessoa oportunidade para se mostrar...
Hoje em dia existe aquela máxima : "Não existe segunda oportunidade para causar uma boa primeira impressão"...E perante isto, as pessoas estão colocadas num julgamento terrível. Quantas vezes já condenámos alguém sem motivo suficiente? Foi só porque começou mal? Se calhar dávamos mais uma oportunidade...parece bem,não é?
Entra em jogo, se é que alguma vez saiu, aquilo que sentimos. Como conciliar? É a pergunta de uma vida! Ninguém melhor do que nós mesmos para responder, a resposta está bem perto, é só saber ouvir.
Por isso e, voltando ao início, e juntando as duas coisas, o que fazer com uma segunda oportunidade a uma pessoa? Sou a favor. Mas existe uma excepção.
O Nada. O Zero. A Ilusão. O que lhe quisermos chamar. E sobretudo, quando nos apanha desprevenidos. Tão desprevenidos que demoramos a aceitar e a ver, se calhar, o que é tão evidente. Receamos sair da perspectiva anterior, na qual estávamos confortáveis e não queremos sair. Porém não se trata de querer. A vida encarregou-se dessa decisão por nós e mudou as cartas do jogo. Não sabemos o que fazer. Não sabemos o que pode advir dessa segunda oportunidade, ficamos desarmados, inseguros e normalmente não agimos. Muitos de nós já passaram por esta situação e eu também. Mas a indiferença de opinião não é, seguramente, uma característica da nossa espécie. Todos tomámos uma opção, resta saber se a assumimos.
Falando por mim, ainda procuro a resposta. O nó entre razão e emoção está bem atado, por enquanto. O futuro revelará a via escolhida. O importante é decidirmos em consciência e, quanto a isso, há muito boa gente que não o faz...

segunda-feira, 13 de abril de 2009

O baptismo

Hoje foi o dia de exame de condução, que salvo uma falhazita, tudo fez-se bem. Mas não é para me gabar que aqui escrevo...
Depois do exame, já bastante satisfeito comigo próprio, fui levar dois amigos ao Colombo. O que significa atravessar meia cidade em hora de ponta, com o detalhe simpático de estar a cair aquela chuvinha miúda, que já não nos visitava há já algum tempo. Resultado: uma aventura na qual deixei ir o carro abaixo 4 vezes e por milagre não bati em alguém. Parece cómico mas não é, tendo em conta que levei uma máquina de 4,6 metros, 95 cavalos e 1600 cc...A comparar com o carro da condução, que é um Yaris a diesel, que é tranquilo... É uma mudança do dia para a noite,praticamente. Correu tudo bem e chegámos inteiros a casa, eu e o carro.

domingo, 12 de abril de 2009

Efeito borboleta

Um simples facto da vida reside nas consequências das nossas acções. Todas as acções têm consequências, para nós e para os outros. Ainda me lembro de falarmos, em Filosofia, da melhor acção, se era pela intenção ou pelas consequências (para tornar o mundo um local mais feliz).

Grande debate isto gerou na altura na sala de aula, uns por um lado e outros por outro e ainda aqueles que não aderiam a uma perspectiva mas que conseguiam reconhecer prós e contras numa e noutra doutrina...Na altura estava mais inclinado para a perspectiva sobre as consequências, mas apreciava sobretudo as pessoas debaterem as suas ideias.
Quando nos identificamos com algo (uma visão,perspectiva,doutrina,etc), os argumentos que existem a favor dela parecem-nos tão óbvias e tão fáceis de entender que tentamos explicar desesperadamente ao outro e ele tem a perspectiva oposta, dizemos "sim,ok, mas não entendes isto?" E discorremos sobre a nossa opinião, sem nunca nenhum dos dois realmente escutar o outro.

Já me estou a desviar do título...a minha opinião que tive nesse debate mantenho-a ainda hoje. E porquê? Pela motivo elementar de que não estamos sós no Mundo. Vivemos numa sociedade em que cada um tem um espaço. Aquilo que fazemos vai-se, automaticamente, repercutir em muitas pessoas e situações. Por isso, o que fazemos deve, deveria e deverá ser ponderado, pois deixamos sempre algo ou alguém menos bem...É aqui que entra a máxima, a meu ver, do mal menor!enfim...

Toda esta reflexão tem um alvo: os pais. É impressionante o poder e a influência dos pais nos primeiros anos de uma criança. Qualquer aspecto menos positivo da conduta dos pais molda o comportamento de uma criança, que depois só se nota ou percebe muitas vezes na idade adulta. Esta é, para mim, a suprema responsabilidade. É a consciencialização dos pais de que tudo o que fazem irá ter consequências nos filhos, mais cedo ou mais tarde.
Daí considerar que o modelo de educação melhor passa por dar referências, directrizes e liberdade com responsabilidade.

Um exemplo: Há uns anos largos, haviam duas crianças com os pais. Estavam de férias, perto da praia. Os miúdos, de 7 e 8 anos, ansiosos por ir para a praia, não conseguiam conter a excitação e o entusiasmo. O pai, já farto de os ouvir a questionar sobre quando iriam para a praia, disse: "Querem ir? Vão." E eles, incrédulos: "Podemos?" O pai anuiu e nem cinco minutos passaram e eles já estavam a caminho da praia, que ficava a 1,5 km por uma estrada de terra batida.
A mãe ficou ansiosa e preocupada e só descansou quando os viu na praia, sãos e salvos. O pai confiava na educação que dera aos filhos e nos próprios filhos. Sabia que eles eram capazes, e porque não? Também lhes podia acontecer qualquer coisa quando estivessem os quatro todos juntos,verdade?Os miúdos sentiram-se capazes e responsáveis, e claro que tiveram todos os cuidados e mais alguns.

Afinal de contas, as oportunidades são feitas para serem aproveitadas.

Como um grande amigo meu me recordou hoje a sabedoria chinesa:

"O passado é história, o futuro um mistério, o agora uma dádiva. Daí ser chamado de presente"

É mesmo assim

A nossa personalidade vai sendo construída ao longo da vida. As nossas experiências moldam-nos o carácter e vão fazendo a pessoa em que nos tornamos.

Por isso, rio-me para mim quando dizem "ah, esta tem uma personalidade muito forte"...parece que a pessoa está, de certa forma, catalogada. É ainda mais curioso quando assistimos a uma mudança radical na maneira de ser dos outros, ou mesmo de nós próprios. O problema é quando nos são pessoas queridas...qual é a nossa tendência? Trazê-la de volta ao antigamente! Mas esquecemo-nos que o tempo anda sempre no mesmo sentido, sempre para a frente! Não deveríamos nós tentar "reconquistar" o nosso espaço nessa pessoa como ela está agora? Será mais fácil do que levar a pessoa a uma regressão no tempo, na prática!

Essa pessoa mudou porque experimentou novas experiências, passe o pleonasmo. E essas experiências nós não podemos nem devemos apagar! É o espaço dela. Estamos a interferir com a liberdade dela. Também não gostamos quando interferem com a nossa,certo? Decerto compreendemos isto...

E ainda mais: ao mesmo tempo que essa pessoa mudou, nós também mudámos! Incrível! Em vez de lidarmos com uma mudança, lidamos com duas, e ainda por cima, uma delas é na nossa pessoa. Lidar com esta dualidade não é, por vezes, fácil. Faz falta afastar-mo-nos da situação. tentarmos ver de outras perspectivas e até falar com um terceiro...

Esta é uma situação que acontece com uma frequência tal que quase nunca temos nem tempo nem cabeça para reflectirmos. Cada vez mais fazemos mais contactos, mais amigos ( de diferente intimidade, como é lógico) e depois ou perdemos o contacto ou perdemos se calhar aquele à-vontade que sentíamos anteriormente. Não significa que gostemos menos da pessoa, antes pelo contrário: até sentimos falta dela e de como tudo era dantes! Mas é necessário um espaço novo, e esse espaço demora o seu tempo, tempo esse que corre sempre, ao ritmo da gota de água a cair...

quarta-feira, 8 de abril de 2009

Vicissitudes da vida

Já alguma vez se sentiram como uma bola num jogo de matraquilhos? Pontapeados de um lado para o outro,todos nos querem mas esquecem-se do mais importante,ou seja, de se colocarem no lugar do outro.

Este é, de facto, um dos problemas mais importantes na nossa sociedade e talvez seria melhor deixarmos de olhar para o nosso umbigo, levantarmos a cabeça e vermos o que se passa em nosso redor, aprender com os outros, observar e gozar, porque sozinho não tem mesmo piada...

É mais ou menos assim que hoje me sinto, com a proximidade do meu aniversário. Com a existência de atritos familiares, tenho que me desdobrar,durante o dia,em várias deslocações, de modo a estar com todos e vice-versa. Há sempre aqueles que nos são mais próximos e não podemos realmente prescindir deles,mas se calhar os outros não podiam vir ao meu encontro?Provavelmente é o único dia do ano em que tenho legitimidade suficiente para pedir às pessoas para ultrapassarem os seus problemas e comparecerem todos. Nem que seja por uma questão de respeito em relação à minha pessoa, porque "obrigam-me" a perder o meu dia para atender a todos.
Por isso, é altura de tomar opções, assumi-las e lidar com as suas consequências, porque já temos idade para isso. Nesta altura já sabemos que é impossível deixar todos na melhor situação,por isso vale a lei do mal menor...
E,como diria um programa da RFM, "já agora,vale a pena pensar nisto"

Tão simples,tão verdade e tão fácil de esquecer...

Never thought I'd feel this way
And as far as I'm concerned I'm glad I got the chance to say
That I do believe I love you

And if I should ever go away
Well then close your eyes and try to feel the way we do today
And than if you can't remember.....

Keep smilin'
Keep shinin'

Knowin' you can always count on me
for sure
that's what friends are for

In good times
And bad times
I'll be on your side forever more
That's what friends are for

Well you came and open me
And now there's so much more I see
And so by the way I thank you....


Ohhh and then
For the times when we're apart
Well just close your eyes and know
These words are comming from my heart
And then if you can't remember....Ohhhhh