segunda-feira, 16 de dezembro de 2013

Balanço

Mais um ano a findar. Dou por mim numa fase nova.
Uma fase na qual tenho o enorme privilégio de fazer o que gosto, e ser remunerado por isso, ainda que não da forma mais desejável ou merecedora. Esse facto tem o condão de poder transformar quase todos os dias de trabalho em dias positivos, dias que mereceram e merecerão figurar no calendário da minha existência. Pertencer ao grupo restrito de pessoas que se sentem realizadas pelo trabalho que fazem chega a ameaçar inibir-me de identificar insatisfações noutros domínios. Mas de facto assim é.
Uma fase na qual tenho uma enorme dificuldade em manter laços de amizade, de forma presencial. Seja por alguns se afastarem geograficamente, outros afastam-se por circunstâncias dos seus enredos diários, mas na maioria dos casos sou eu. Deixei de ter disponibilidade real, porque trabalho num horário em que os outros têm a sua hora de descanso e/ou lazer. Deixei de ter disponibilidade relativa, porque ando com maior necessidade de descanso, menos meios para integrar expedições de grupo e menos vontade para a extroversão. Tem andado a surgir, de forma mais frequente, o meu Mr. Hyde, o meu eu mais tímido, mais discreto, mais tranquilo e genuíno. Tenho 23 anos, mas ando sem grande abertura para os divertimentos padronizados da minha idade - saídas à noite, alcóol à descrição, festas académicas e experiências gourmet. No entanto, sinto que não perdi a força de viver. Talvez esteja, de momento, com pouco discernimento em relação ao futuro. E isso leva-me a deixar de antecipar as decisões, perdendo assim oportunidades.
Uma fase na qual tenho ignorado por completo a minha vida amorosa. Não tem existido absolutamente nada desde Julho. Nem sequer um estímulo. Acho que é suficientemente elucidativo.
No fundo, uma fase diferente. O verdadeiro desafio está aqui e agora. Veremos como se porta o menino.