sexta-feira, 11 de dezembro de 2009

O último acto

Entramos em Dezembro,e o frio vai chegando a pouco e pouco, instalando-se de mansinho por entre as frestas. E, quer queiramos ou não, a palavra Natal vai entrando aos poucos no nosso subconsciente, quer através dos meios de comunicação social, quer das pessoas que nos rodeiam, que foram, também elas, despertadas para este evento.
Para sabermos verdadeiramente o que é o Natal, não podemos perguntar a uma criança, o que é uma pena, pois elas só estão despertas para uma parte do Natal. E não poderão dar aquela resposta sincera e profunda, com a qual pais e restantes presentes ficam enternecidos...
Não. Para descobrirmos a essência do Natal, e como era antigamente, a melhor opção são os nossos avós. Porque são de um tempo em que se dava importância aos valores e às causas sociais, e no qual as prendas passavam despercebidas. O tempo em que o Natal era a reunião da família, e que isso era a principal fonte de felicidade . O tempo em que as famílias eram unidas e a hipocrisia, se a havia ( porque acho que é quase inevitável, se quisermos ser preciosistas ), era menor e disfarçada com educação e diplomacia.
Hoje, em dia, como todos sabemos, o Natal é uma árvore com prendas, e um jantar e um almoço. Isto é o que consigo percepcionar, das opiniões que vou ouvindo casualmente, aqui e acolá. É a maior jogada de marketing de sempre, assim como o maior fenómeno comercial do ano. É o último grito e o clímax do consumismo!
Eu não suporto o Natal. Por muitas razões...Primeiro porque sempre tive a presença de quatro famílias em dois dias e, apesar de saber perfeitamente quais eram as minhas duas famílias de sangue, perdia muito em termos de mística, porque a realidade era ( e é, mas está a acabar ) andar de um lado para o outro, acudindo a todos os fogos, sem saber se era desejado ou necessário e tendo a certeza que, por minha vontade, nada daquilo seria desta forma.
Segundo, e talvez um pouco em função do primeiro, o meu conceito de família é muito estranho aos olhos dos outros. A família para mim são as pessoas que gostam de mim e eu gosto delas, e a companhia de um e do outro é apreciada e estimada mutuamente.
Por isso, para mim um Natal em família seria juntar os meus familiares que fazem parte da minha "família", juntamente com os meus amigos, e passarmos um bom bocado. Porque a mim não me faz confusão dar um presente a uma pessoa que eu goste em qualquer altura do ano. Não dou porque se calhar o outro iria achar estranho e havia possibilidade de se gerar um certo mal -estar. Para mim Natal é o ano todo, porque eu procuro ajudar as pessoas de quem gosto durante todo o ano, ser simpático para com todos e não "explodir" à mínima faísca. E isto não é presunção, basta perguntar a quem me conhece.
Terceiro...o meu melhor amigo passa o Natal sozinho em casa, enquanto eu e a minha mãe vamos a casa dos meus avós umas horinhas para fazer o "politicamente correcto". Isto acontece há alguns anos, e deixa-me muito triste mesmo. É uma pessoa pela qual tenho a maior estima e que não merece que isto aconteça, mas por causa da bestialidade de algumas pessoas esta situação arrasta-se.
Para acabar com este texto, dizer que este ano vou participar numa acção de caridade com pessoas mais desfavorecidas, e por causa disto espero que seja um "Natal" mais recompensador.
Porque Natal é o ano todo.