terça-feira, 8 de dezembro de 2015

Voando sobre os Alpes

Iniciei um novo capítulo da minha vida há cerca de sete semanas. A mudança para a Suíça.
Mais uma vez, a vertigem e a atracção fatal de mudar de ambiente, ganhar outras perspectivas e proporcionar experiências de enriquecimento pessoal, a todos os níveis. A sensação de estar cada vez mais apto e preparado para as situações confere uma auto-confiança à qual é quase impossível não ganhar apreço.
O facto de ser um país fora da União Europeia muda o cariz das burocracias. Há muito mais despesas fixas (a obsessão pelos seguros é, de facto, incrível), mas há um salário digno para fazer face a essas despesas. Sobretudo, tenho a sensação de que as coisas funcionam mesmo neste país, o que é algo completamente distinto em relação a Portugal, onde quem quer fazer ou tratar de algo tem sempre inúmeros obstáculos legais e logísticos.
Ao cabo destas semanas, posso fazer um balanço imensamente positivo. Já estou praticamente adaptado, sem oscilações de humor, contente com o país e com as pessoas. Não estou desiludido ou arrependido.
Há várias coisas que me atraem sobremaneira neste território: a diversidade de línguas e culturas é notável (num dia normal de trabalho falo três dos cinco idiomas em que sou versado), a beleza natural da paisagem é inegável, as pessoas são extremamente bem-educadas, estou rodeado de outros países magníficos, há uma enorme cultura de desporto e actividade física e sobretudo, na empresa onde estou, valoriza-se muito a pessoa/empregado. Isso é extremamente importante.
Há outras coisas que não me atraem tanto, mas são sobretudo aspectos inerentes a um povo de um país frio e sujeito a intempéries frequentes. Pessoalmente, acho que fiz muito bem e estou extremamente surpreendido com a minha adaptação. Veremos os próximos desenvolvimentos.

quinta-feira, 24 de setembro de 2015

Quebra de página

Para mim é sempre difícil escrever aqui sem passear os olhos pela produção escrita de outrora, constituinte e componente de entradas mais antigas. Reforça a ideia de consolidação de um perfil de auto-análise e reflexão profundos, com preservação da essência da pessoa simples. Não tem sido fácil, mas é um percurso pessoal que me traz serenidade e alegria de viver.
Escrevo sediado em Barcelona, cidade maravilhosa que me faz recordar Lisboa e Porto em simultâneo. Serve de poiso para mais uma etapa de transição na minha vida.
Neste último ano, tive o privilégio de viver entre Lisboa e Barcelona, duas magníficas metrópoles europeias. Esta constante oscilação deveu-se à realização de um mestrado que agora termina, de forma bem sucedida. No entanto, não satisfeito com os contornos da situação, decido embarcar verdadeiramente num projecto internacional, que me tirará de território português de forma praticamente definitiva. Foi necessária uma reflexão profunda, embora carecendo de excessiva complexidade. Não foi preciso muito para perceber o que influencia profundamente o meu bem-estar, assim como a felicidade a longo prazo.. É, no fundo, tão evidente e tão simples que a sua formulação parecia algo subentendido, embora nunca objectivado.
Em breve poderei conjugar o trabalho na área que adoro (fisioterapia do desporto, biomecânica) com a prática de Aikido com padrões de qualidade elevados. Ter a oportunidade de trabalhar num país do centro da Europa, fora da UE, com elevados padrões de qualidade de vida e civismo. Decerto exigirá de mim a capacidade de criar novos laços de amizade numa terra de gente fria e distante.
Para trás deixo um país maravilhoso, com muitos amigos fantásticos cuja visita será ansiosamente aguardada. A decisão não foi fácil, mas tornou-se evidente durante a meditação. Só é possível graças ao apoio incondicional da minha família, a quem muito devo e a quem não presto frequentemente o devido tributo.
Por isso, aguardo com alguma expectativa e ansiedade o impacto que esta nova cultura vai ter na minha pessoa. O meu cuidado na preservação da essência será muito, porque essa é a minha mais-valia. Espero também que me traga mais estabilidade a nível pessoal e afectivo, aspecto muito delapidado nos últimos dois anos.
Quero poder olhar para trás e sentir que o menino de 18 anos que aqui escreveu ficaria orgulhoso por ver o homem de 25 que agora preenche esta página. Namasté