domingo, 5 de julho de 2009

O mesmo espelho...

No dia 23 de Junho do ano transacto, praticamente há um ano atrás, passaram-se várias coisas importantes, que mudaram a minha vida. A menos importante, a meu ver, foi o exame de Matemática. A mais importante foi uma experiência alucinante que vou relatar: tinha acabado o exame e perguntara uns dias antes aos meus amigos se queriam ir ao S.João no Porto. Alguns ainda me deram esperanças, ao dizer "sim,talvez..." mas chegada a hora da verdade estava sozinho. E dessa vez não fiz algo típico da minha pessoa, que seria recuar e desistir. Não. Pelo contrário. Ainda me deu maior vontade de ir. É de referir que tinha combinado com uma amiga do Porto encontrar-mo-nos, para que não ficasse verdadeiramente sozinho.
Um dos meus melhores amigos veio comigo até à Gare do Oriente, e desejou-me boa sorte. Meti-me no comboio e enganei-me no lugar...Houve umas discussões a meio da viagem mas ninguém me demoveu. Estava ansioso pela festa. Cheguei ao Porto, que estava envolto em nuvens, prometendo chuva. Saio da estação de Campanhã e apanho um táxi para a Ribeira. Junto ao rio a cidade fervilhava, com martelinhos, alhos-porro e balões de S.João. O cheiro a sardinhas e febras flutuava com o ventinho que se levantava do mar... Teria que me orientar sozinho até depois do jantar, porque a Inês ( é assim que a minha amiga se chama) iria jantar com a família. Ora, tinha três horas à minha frente...
Estas três horas podem-me ter mudado consideravelmente. Digamos que pus os meus defeitos à prova. Se, por um lado, não queria estar sozinho, por outro lado a enorme timidez que tenho face a novas situações impedia-me de estabelecer contactos. Venceu claramente a vontade. Pus a timidez de lado ( afinal de contas, ninguém me conhecia e quaisquer juízos de valor não teriam importância futura) e avancei para alguns grupos de portuenses. Um não do primeiro, um não do segundo e por fim um não do terceiro...Desmotivei um pouco. Sentei-me à beira-rio, para reflectir um pouco. Estava eu perdido nos meus pensamentos quando reparei que três ingleses estavam a falar comigo.
Oportunidades boas são para aproveitar!Juntei-me a eles e fomos andando por ali, comendo e bebendo. Entretanto ia tentando comunicar com a Inês, mas a partir de certa hora deixei de conseguir...Depois deixei de me preocupar, afinal já me estava a divertir à grande! A meio da noite dois dos ingleses foram para o hotel. O outro, Rob, estava-se a divertir tanto como eu e fomos andando por aí, infiltrando-nos em grupos e rindo sempre sem parar. De manhã, fomos até à estação de S. Bento para eu apanhar o comboio de volta para Lisboa. Um grande abraço foi o ponto de despedida desta aventura.
As ilações são muitas e úteis: primeiro, os amigos, como seres humanos, também falham, e saber reconhecer as suas falhas, compreendê-las e aceitá-las é dar um passo de gigante em direcção à fraternidade. Segundo, a vontade e a determinação fazem toda a diferença, mesmo quando tudo à volta acabou de ruir e não há ninguém além de nós mesmos a sustentar a nossa ideia. Terceiro, sou das pessoas mais teimosas que conheço e, desta vez, isso foi benéfico.
Desde então, nunca mais desisti de nada apenas por ir sozinho, porque vontade e determinação tenho de sobra. É à custa destes atributos que a Humanidade evoluiu e, a meu ver, continuará a evoluir...

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